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MELHORES FILMES: 2006

O ano que foi embora trouxe uma ótima safra cinematográfica. Houve filmes "impecáveis" como Volver, que não conseguiram me empolgar e há "filmes abarrotados de clichês" como C.R.A.Z.Y., que tocaram naquele ponto nevrálgico. Nessa categoria, Zuzu Angel e O Diabo Vestre Prada também me abalaram profundamente por motivos diversos, mas seus inúmeros defeitos fizeram com que ficassem fora dessa lista. Me deu uma dorzinha no coração ter deixado de fora o fofíssimo Elizabethtown, o insteressante Paradise Now, a ode à "cidade do amor" de Paris, Eu te Amo e o kitsch Roma de Fellini (mais antigo do que eu, porém, visto pela primeira vez no cinema), mas escolhas tiveram que ser feitas e eu já concedi um aumento nas minhas listas anuais dos "10 melhores".

Infelizmente, não pude conferir todos que gostaria [como por exemplo, A Dama na Água, Transamerica, O Labirinto do Fauno, Os Infiltrados, Pequena Miss Sunshine e Dália Negra (entre vários outros), mas chega de conversa.

Eis a lista:

(obs: os links levam ao antigo endereço desse blog; para ler a resenha, substitua "berrandofilmes" por "berrandofilmesblo")

#1. V DE VINGANÇA (V for Vengeance)

Alan Moore é um dos mais criativos roteiristas dos quadrinhos atualmente. Se algum apreciador da nona arte citar 10 obras-primas do mundo dos quadrinhos nos últimos 25 anos, quatro ou cinco serão dele. Uma delas, certamente, será V DE VINGANÇA, publicada originalmente no início da década de 80. O filme pode não ter a mesma força dos quadrinhos (apesar da grande fidelidade entre a idéia original e o filme) e ter alguns "truques" (=clichês), mas o que importa não é a forma com que a história é contada, mas a idéia que o filme transmite, principalmente por causa da baderna política/social pela qual o Brasil passa e que estava no seu auge na época de sua exibição, em abril. Tenho consciência de que ele só figura no topo da minha lista em virtude de meu "engajamento" com o mundo dos quadrinhos, mas se ele possui a mesma força depois de duas sessões de cinema, três de divx e outra, recente, de dvd, ele realmente merece estar no lugar em que se encontra.

Cenas favoritas: [1] V e Evey dançando uma valsa ao som de Anthony and The Johnsons; [2] a seqüência onde Evey lê sobre o "testamento" de uma personagem condenada por amar alguém do mesmo sexo; e [3] quando Evey explica quem era V (acho que é uma das cenas mais "clichezistica" do filme, mas se não há cartas de amor ridículas, não há grandes finales ridículos em filmes que amamos).

#2. CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

Preciso ser sincero: não esperava muito desse filme, apesar de todo mundo falar bem dele. Nem senti tanto assim quando perdi sua primeira exibição (diferentemente de vários outros que passaram pelos cinemas e que ainda não consegui ver). A indicação para concorrer ao Oscar veio, ele voltou ao circuito, fui conferir e ele me arrebatou como poucos. Era para ter sido escolhido o melhor do ano, mas perdeu por "detalhes" e sustenta um honroso segundo lugar. Seu diretor conseguiu provar que não basta ter rios de dinheiro para se produzir um filme nacional, basta ter a convicção de que a sua história é universal e que ela mereça ser transmitida.

Cena favorita: o final, quando Ranulpho se despede de Johan e você fica com aquela sensação de que acabou se despedindo de um grande amigo para nunca mais vê-lo.

#3. MISTÉRIOS DA CARNE (Mysterious Skin)

Um filme simples, sensível e despretensioso, que conta como duas crianças de uma pequena cidade perdida no interior do Kansas reagiram de forma diferente ao mesmo trauma que sofreram na infância. Falar mais é estragar a surpresa que o filme revela.

Cena favorita: O final, quando a verdade vem a tona.


#4. SUPERMAN, O RETORNO (Superman Returns)


O que dizer de um filme que eu aguardava há 8 anos? É a história do ícone pop mais conhecido do mundo e do meu super-herói favorito (ao lado do Lanterna Verde). Gene Hackman estava bem nos filmes do homem de aço no anos 70 e 80, mas o Lex Luthor de Kevin Spacey é impagável. Há defeitos, sem dúvida alguma, como o Super-Homem de plástico da computação gráfica, a capa de plástico, uma Lois Lane totalmente sem sal, um diretor que se preocupou mais em "render homenagens" do que em inovar. Apesar da decepção, ele peca mais pelo "o que deveria ter sido" do que pelo "o que ele realmente é". Já que reconheci lá em cima que eu tenho um viés quadrinistico, eu sei que ele está numa colocação acima do que mereceria, mas é o Super-Homem e eu o puxei o máximo que pude.

Cenas favoritas: [1] Quando Clark Kent/Superman volta ao Planeta Diário depois de seu exílio, encontra a mesa de Lois Lane e passa os olhos sobre os arquivos com o nome dela; e [2] Quando no mesmo Planeta Diário, Clark observa Lois subir pelo elevador com sua visão de raios-x.

#5. CACHÉ

Será que devemos ser punidos por "erros" que cometemos na infância? Será que é "justo" um sentimento de vingança nutrido desde a infância contra alguém que cometeu um "erro"? Será que as duas crianças teriam a mesma situação financeira quando adultos se o "erro" não tivesse sido cometido? Afinal de contas, quem é que estava filmando a frente da casa dos protagonistas?!?! O filme vale por isso e por enfiar o dedo na ferida que nunca cicatriza na França: o que fazer com os imigrantes das ex-colônias (no caso, da Argélia) na Europa "civizilizada"?

Cena favorita: a última, pois como um típico filme francês que inspira reflexão, não é um final.

#6. BROKEBACK MOUNTAIN

É o filme dos cawboys gays, de acordo com os heterossexuais acéfalos e preconceituosos. É o filme de dois cawboys gays, porém machos, que amam machos, "sem estereótipos" (sic), dizem alguns homossexuais homofóbicos e duplamente preconceituosos. Alguns conseguiram ver, sem preconceitos, mais um filme sobre o tema que nunca se esgota: o amor. Eu adoro os filmes de Ang Lee (tanto que HULK figura no meu Top 10 de 2003) e dá para notar a sua "marca" nesse filme. Super-estimado por muitos, mas tocante como poucos filmes conseguem ser.

Cenas favoritas: [1] O último encontro dos dois protagonistas, quando Jack revela a sua impotência, ao dizer que gostaria de desistir de Ennis, mas não consegue, e ele pergunta porque então ele não desiste? A vontade de achar um culpado é grande e ela é quase que carregada sozinha por Ennis, mas ele não é o único "vilão" da história (se é que há algum); e [2] quando Ennis vai à casa dos de Jack e a gente dá de cara com o olhar de perda da mãe de Jack. Ela quase não fala nada, quase nem se mexe, mas os poucos minutos que ela está em cena tem o peso de uma tonelada sobre os ombros de quem se sentiu esmagado por toda aquela dor que ela estava sentido.

#7. PLANO PERFEITO (Inside Man)

É... não é um "típico filme de Spike Lee", menos político, mas se você perceber bem, as críticas estão lá, entre uma cena e outra da história sobre o "assalto perfeito: aquele que não aconteceu".

Cena favorita: O chefe dos assaltantes conversa com um menino afro-americano jogando um mini-game politicamente incorreto. Só mesmo Spike Lee para resumir toda a sua obra cinematográfica em um única cena.

#8. O TEMPO QUE RESTA (Le temps qui reste)

O filme tem um tema um tanto que batido no cinema: o que fazer quando se descobre que vai morrer em breve? Muitos viram melodramas baratos, outros tantos viram maravilhas como Minha Vida Sem Mim (meu terceiro melhor filme de 2004). Nesse, o foco está em simplesmente ver a vida com outra perspectiva, sem mudar a maneira de se portar com relação a outras pessoas.

Cena favorita: a final, com Romain na praia, todo mundo indo embora e ele ficando o sol, se pondo ao fundo, e a gente vendo tudo isso com a silhueta de seu rosto.

#9. A CASA DO LAGO (The Lake House)

Sou romântico e assumo. Não estava afim de ir ao cinema vê-lo por causa do seu protagonista (eu gosto de Sandra Bullock!), mas depois de ter lido tantas críticas favoráveis à essa história de amor "diferente", não me arrependi. Se você conseguir abstrair o fato de que a barreira para que os protagonistas "exerçam" o seu amor é totalmente inverossímel, você também será fisgado.

Cena favorita: quando Alex e Kate se encontram no aniversário dela. Ele sabe quem ela é, mas ela não.

#10. C.R.A.Z.Y.

Trinta anos da família Beaulieu, principalmente as relações entre Zack e seu pai e entre Zack seu irmão Raymond. Um filme cheio de clichês, admito. Um filme com muitos pecados, admito também. Mas sobretudo, um filme que me fez chorar um dilúvio na sala de cinema, principalmente por causa da Sra. Beaulieu.

Cenas Favoritas: qualquer uma em que a Sra. Beaulieu ficava à espreita, escutando atrás da porta ou apenas assistindo calada a mais uma crise na sua família, sem poder fazer nada para trazer a harmonia de volta.



#11. CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO (Breakfast on Pluto)

#12. PONTO FINAL (Match Point)
#13. VÔO 93
#14. ÁRIDO MOVIE
#15. A PASSAGEM (Stay)

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